quinta-feira, 26 de abril de 2012

MP participa das comemorações do dia do Índio na Aldeia Gorotire

Cumaru do Norte


Fotos; PJ de Rio Maria
Eliana Souza
Edson Gillet



O Ministério Público do Estado (MPE), por meio do promotor de justiça Nadilson Portilho Gomes, participou na quinta (19) no município de Cumaru do Norte, sudeste do Pará, das comemorações alusivas ao Dia do Índio juntamente com lideranças indígenas Kayapós na Aldeia Gorotire e dirigentes da prefeitura municipal.
Durante as comemorações o promotor de justiça Nadilson Gomes, teve a oportunidade de conhecer a cultura indígena local, a estrutura de serviços de atendimento público realizados na aldeia.

Na oportunidade o promotor proferiu palestra com o tema “Direito Indígenas”, nas dependências da Escola municipal de Ensino Fundamental Kranhõk, com tradução da linguagem Kayapó por um índio intérprete, tendo como público as crianças e adolescentes indígenas.

O promotor Gomes também reafirmou sobre o papel que o MP tem na proteção das crianças e adolescentes indígenas, ressaltando que “o art. 109 da Constituição Federal atribui à Justiça Federal a disputa sobre direitos e interesses indígenas ligados aos costumes, línguas, crenças, organização e terras, na forma do art. 231 da CF/88, ficando a Justiça Estadual com as outras questões indígenas, inclusive de proteção da infância e adolescência”.

O promotor Nadilson Gomes lamentou durante a palestra ao referir-se sobre o quadro atual do Brasil que a época de 1500 existiam 4 milhões de índios e hoje conta com apenas 700.000 indígenas, com 215 etnias, 180 línguas faladas, com maioria vivendo na zona urbana, 55 tribos isoladas, com índice de mortalidade infantil na ordem de 51,4 mil, índice considerado altíssimo de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
 
Ele também ressaltou que “com último censo apenas 1,4 % das pessoas afirmaram seguir costumes indígenas tradicionais". Ressaltou que "mesmo o chamado fenômeno da indústria indígena com quase 1 bilhão de reais repassados a estas entidades não chega a beneficiar suas populações, onde constatm-se alto índice de crianças sem registro, não alfabetizadas, de mortalidade infantil e de estarem vulneráveis com maior chance (duas vezes mais) de serem vítimas de violência sexual, junto com crianças negras, segundo dados do UNICEF”, alertou o promotor.

“A aldeia Gorotire conta com mais de 500 eleitores e pessoas que falam a língua portuguesa, o que faz com que o MP atue firmemente em defesa de seus direitos, da dignidade da pessoa humana”, explicou o promotor.

Ele defendeu além disso, “que o direito de crianças e adolescentes indígenas deve ser apreciado na vara da infância e da juventude de Redenção, já que a competência da justiça federal de acordo com o inciso XI do art. 109 da CF diz respeito aos direitos que afetam globalmente as populações e comunidades indígenas, ainda, que isso, tratando-se de criança e adolescente, não afasta a FUNAI de intervir no processo com “curatela especial”, para prestar proteção ao indígena".

Ao final da comemoração, as crianças e adolescentes da aldeia homenagearam o promotor de justiça com um canto na língua Kayapó, o que o deixou bastante emocionado.

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